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domingo, 23 de junho de 2013

Do vandalismo

Vandalismo é o cacete.

Pode soar hipócrita porque eu falo tanto em distribuir o amor. Oras, eu sou pacifista. Mas esse é o meu papel nessa luta. Eu tenho medo sim de apanhar. De ser preso e até de morrer, mas não é por isso que eu não sou violento nos protestos. Não sou porque ainda me considero incapaz de sê-lo. Pegando um trecho de um texto de Mateus dos Anjos, "Pichação foi, e sempre vai ser, uma maneira de trazer um grupo oprimido pro centro da cidade, aonde eles não tem espaço. A pichação só é agressiva porque nos lembra de um grupo que é sempre esquecido. Fora isso, é só tinta sobre tinta".

Vandalismo é o que se faz lá dentro. Um prejuízo de alguns milhares de reais pra um banco não é nada se comparado aos bilhões do multiplicador que o bacen mantém pagando os juros deles, todos os anos. Derrubar um radar ou riscar um carro da AMC, que no trânsito oprime e não educa, mas só funciona como fábrica de multas, não é vandalismo. Fazer piquete e jogar ovo na frente da casa do filho da puta envolvido comprovadamente em escândalos de corrupção e desvio de verbas não é vandalismo.

Discordo da depredação do patrimônio público e histórico, mas ali, no furor da batalha, as coisas podem acabar tomando rumos indesejados. Eu e a grande maioria de vocês que vão ler isso aqui fazemos parte de um nicho que representa a elite intelectual e financeira do país. E nós estamos com raiva. Imagina o tamanho da raiva de quem faz parte da base, que não teve acesso, primeiramente, a educação e é reprimido desde que o país é o país. Essa galera tá puta pra caralho. Essa galera vai descer o cacete. É a maneira que eles têm de se manifestar. Quem não os educou  nem serviu, quando devia, que pague.

O protesto pacífico é importante, se não instauramos uma guerra civil com muito fogo amigo. E o protesto violento é feio. É desconfortável. Causa medo. Mas é necessário.


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Vandalism my ass.

It might sound hypocritical since I talk so much about sharing the love. I mean, I am a pacifist. That's my role in this fight. And yes I am affraid to get hurt. I'm affraid to be arrested and even to be killed, but that's not why I'm not violent at the protests. I am not because I still consider myself uncapable of being so. Borrowing a snippet from Mateus dos Anjos text, "Pixação was, and always will be, a way of bringing a repressed group downtown, where they have no space. Pixação is only aggressive because it reminds us of a group that is always forgotten. Other than that, it's just ink over ink".

Vandalism is what they're doing in there (congress, senate etc). A few thousand reais loss to a bank is nothing compared to the billions the Central Bank spends only to keep up with their interest every year. Toppling a speed radar or keying an AMC (a third party fiscalization company that controls traffic in Fortaleza) car, that in traffic only opresses and does not educate, but works as a fine machine, is not vandalism.  Picketting and egging the house of a son of a bitch involved in corruption scandals and fund diversion - when there's proof of this - is not vandalism.

I disagree with depredation of public and historic property, but in there, in the heat of the battle, things might take unwanted turns. The vast majority of those reading this - myself included - are part of a niche group that represents the intelectual and financial elite of the country. And we're angry. Imagine the dimmension of the anger of those who are part of the base, who did not have access, primarily, to education and have been repressed since this country is this country. They are fucking pissed off. They're tearing shit apart. It's the way they have of manifesting. Those who did not educate them or served them, when they should have, are to pay.

Peaceful protesting is important, or we might establish a civil war with lots of friendly fire. And the violent protest is ugly. It's uncomfortable. It strikes fear. But it is necessary.


* Thanks Ed Bear for the english feedback.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Da revolta do Vinagre

Não tem dois anos eu reclamei por aqui de como o povo era anestesiado e só reclamava quando o Brasil perdia um jogo de futebol. E hoje eu tava junto de mais de 80 mil cagando pro futebol. Nas ruas, pra ser ouvido, reclamando de toda essa merda. Sinceramente não pensei que o dia fosse chegar. E foi lindo.

Não me feri. Não sofri com o gás. Levei um isopor com água gelada pra distribuir pra galera que precisasse, barras de cereal, vinagre e flores. Tava carregando uns 20kg de coisa, daí não tinha muita mobilidade e não fui pro fronte. Fui pra distribuir o amor mesmo (ou pros minigueimeiros, joguei de support).

Confesso que não estava preparado pra tanta gente. Muito menos pro tanto de violência utilizada. Mas valeu a pena.

Cada um de nós, ali. Ainda sem um objetivo definido concreto. Lutando por causas válidas, muitas. Por tempo demais em silêncio, gritamos, em uníssono, "Cansei dessa baixaria".

E amanhã tem mais. E amanhã vai ser maior. E eu vou de tank.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Do dia dos namorados

Parabéns, pois, a vocês que têm um ao outro, de maneira especial. Dos sentimentos e palavras e gestos e loucuras e ideais, o amor é o mais crível. O mais nobre. O mais bonito e o que o mundo mais precisa. A gente vive num lugar anestesiante que banaliza a violência, cria barreiras e distancia as pessoas. E ele faz a gente esquecer disso. Se Lembrem. Amem :)